Líderes Mulheres podem salvar o nosso futuro?

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Mulheres na liderança num mundo COVID-19 – Podem elas salvar o nosso futuro? – foi o tema da apresentação que ministrei como convidada, na abertura da cerimónia oficial de atribuição do Prémio Internacional Competência Profissional Mulher 2021, que ocorreu no Brasil, no passado dia 16 de Março. Além de eu ter recebido com muito entusiasmo esse Prémio Internacional de Competência Profissional, ainda pude contribuir com a minha experiência e conhecimento sobre a liderança para o público brasileiro. Inspirada pelo evento, resolvi partilhar consigo, caro leitor, um pouco do tema da minha apresentação e da jornada da liderança no feminino, por ser um assunto que nos convidam a todos à reflexão, seja qual for a sua identidade de género.

“As Icamiabas eram índias valentes.”

Ano de 1542. Expedicionários europeus, liderados pelo espanhol Francisco Orellana, desbravavam uma região até se terem deparado com um grupo de guerreiras. Altas, musculosas, de pele clara e com cabelos negros compridos, elas empunhavam com determinação os seus arcos e flechas, e os homens não conseguiam igualar essas exímias arqueiras, as Icamiabas. As Icamiabas eram índias valentes. Não tinham maridos, mas, uma vez por ano, em noites de lua cheia, realizavam uma cerimónia sagrada para a deusa Yaci, a mãe-lua, no lago Yaci Uarua (Espelho da Lua). Para isso convidavam os índios Guacaris, com quem tinham o enlace amoroso sob a bênção da mãe-lua. Após o ritual amoroso, mergulhavam no lago e buscavam no fundo, um barro, com o qual moldavam um amuleto denominado muiraquitã que ofereciam ao índio num adeus. Essa descrição do frei espanhol Gaspar de Carvajal, que fazia parte da expedição de Francisco Orellana, sobre as índias Icamiabas, que viviam sem homens, em tribos isoladas, explica o porquê de terem batizado aquela região de Amazonas, o maior Estado do Brasil. As destemidas índias lhes recordavam as lendárias Amazonas da mitologia grega. Contudo, nem as guerreiras Amazonas são lenda, nem mesmo as Icamiabas, cujo indigenista Peret, que convive com índios há mais de 50 anos, afirma que elas existiram na região da Amazónia. Na década de 1990, arqueólogos identificaram esqueletos femininos enterrados em túmulos de guerreiros, no mesmo local onde as amazonas teriam vivido, em Cítia. Adrienne Mayor, investigadora na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, referiu que os esqueletos femininos apresentavam ferimentos de combate, tinham sido enterrados com armas que combinavam com aquelas usadas pelas Amazonas, ilustradas em obras de arte gregas antigas. Essas guerreiras nómadas, que faziam parte de um antigo grupo de tribos também compostas por homens, eram conhecidas como Citas. Eram mestres da equitação, no manuseio do arco e flecha e viveram num vasto território da Eurásia, que se estendia do Mar Negro até à China, de 700 a.C. até 500 d.C. Mas, as Amazonas, não foram as únicas guerreiras do mundo antigo. As mulheres valentes Ahosi, foram guerreiras que formaram um dos regimentos militares do Reino do Daomé (atual Benim), até o final do século XIX, e levaram a França à derrota em várias batalhas.

A história está repleta de registos das bravas guerreiras.

Na verdade, se começarmos a investigar, vemos que a História está repleta de registos das bravas guerreiras que lutavam com valentia e usavam as suas armas com destreza, um pouco por todo o mundo. Mas as mulheres não foram apenas guerreiras. Na antiga Grécia, eram respeitadas sacerdotisas, pitonisas, sábias, filósofas e matemáticas, e no Egito mostraram terem sido competentes em importantes papéis de liderança. A Rainha Tiye, esposa de Amenhotep III, lidava com assuntos do Estado e atuava como diplomata e Nefertiti, esposa de Akhenaton, tomava conta da família e ajudava o marido a governar e, quando Akhenaton cessou a sua atividade enquanto governante, foi ela quem assumiu as suas responsabilidades. Em Inglaterra e na Irlanda, a Rainha Elizabeth I, que subiu ao trono com apenas 25 anos de idade, levou a Inglaterra a tornar-se na principal potência económica da Europa, tendo vencido embates contra a sua principal rival, a Espanha. O período elisabetano ou isabelino ficou também conhecido pela tolerância em questões religiosas, pelo florescimento da literatura e da poesia no país, e trouxe ao palco um dos dramaturgos e escritores mundialmente conhecido – William Shakespeare. O seu reinado trouxe estabilidade, expansão e ajudou a criar um sentimento de identidade nacional. Como podemos constatar, ao longo do tempo tivemos líderes mulheres.

E hoje? Como está a nossa liderança no feminino?

O tema da ONU de 2021 para o Dia Internacional da Mulher foi “Mulheres na liderança: Alcançando um futuro igual num mundo COVID-19”, destacando não só o impacto das profissionais mulheres na batalha e na linha de frente da crise da COVID-19, mas também aquelas que mostraram serem as líderes nacionais mais exemplares e eficazes no combate à pandemia. Segundo a ONU, a maioria dos países que tiveram mais sucesso na contenção da pandemia COVID-19 e na resposta apropriada, quer na esfera da saúde, quer face aos impactos socioeconómicos mais amplos, são aqueles chefiados por mulheres. As líderes de Governos como os da Dinamarca, Etiópia, Finlândia, Alemanha, Islândia, Nova Zelândia e Eslováquia, foram amplamente reconhecidas pela rapidez, determinação e eficácia das suas respostas nacionais à COVID-19, bem como pela comunicação compassiva dos factos.

Segundo a ONU, apenas 20 de 193 países em todo o mundo, possuem mulheres como Chefes de Estado e de Governo.

KARINA M. KIMMIG

A evidência não é apenas qualitativa, como algumas pesquisas puderam confirmar. Um estudo da Universidade de Liverpool e de Reading, descobriu que os resultados relacionados com a Covid-19, incluindo o número de casos e mortes, eram sistematicamente melhores em países liderados por mulheres. Um outro estudo analisou os governadores nos Estados Unidos e, de forma semelhante, descobriu que os estados que tinham taxas de mortalidade mais baixas eram governados por líderes femininas. Mas as mulheres não são apenas hábeis a liderar a crise pandémica num país, são também as mais qualificadas para liderar empresas numa crise pandémica, segundo um estudo levado a cabo por J. Zenger e J. Folkman. Em 2019, a liderança de homens e mulheres foi avaliada e os resultados apontaram que a liderança feminina era significativamente mais positiva do que a masculina. Então, J. Zenger e J. Folkman resolveram realizar outra avaliação da eficácia de liderança entre março e junho de 2020, com 454 homens e 366 mulheres. O resultado mostrou que a lacuna entre homens e mulheres na pandemia tornou-se ainda maior do que a medida anteriormente, possivelmente indicando que as mulheres tendem a ter um melhor desempenho numa crise. Portanto, competências não nos faltam. E eis que aqui surge a pergunta – Que competências fazem de nós, mulheres, termos um desempenho melhor do que o dos homens? Quais foram as competências evidenciadas por esses estudos, que levaram a concluir que as mulheres tendem a ter um melhor desempenho na sua liderança durante uma crise?

As competências que levam as mulheres terem um melhor desempenho!

De acordo com o estudo, as mulheres foram classificadas de forma mais positiva em 13 das 19 competências de liderança, entre elas, a capacidade de melhorar a performance dos seus liderados, apostando em cursos de desenvolvimento pessoal e técnico; a capacidade de comunicação, de motivação e de construção de relações; a capacidade de iniciativa e de tomada de decisão; manifestaram igualmente menos problemas a pedir ajuda e na tomada de riscos; são movidas por valores mais nobres, entre outras. Mas há um aspeto que as levou a ter uma autoavaliação mais baixa do que a dos homens – o nível de autoconfiança! Não me é estranho terem chegado a essa conclusão. Ao trabalhar com executivas, empresárias e empreendedoras, de forma personalizada, eu pude constatar como a autoconfiança e autoestima da mulher afeta a forma como ela permite ou bloqueia a sua própria força. Tive clientes que, embora fossem tecnicamente competentes e empenhadas, mostravam-se inseguras, questionadoras das suas próprias capacidades, achando-se menos do que seus pares, ou deixando-se atingir por posições mais confrontativas por parte deles, deixando-se intimidar pela administração ou por um líder com um comportamento mais agressivo. Verifiquei, também, problemas em lidar com conflitos, ou em tomar posições mais firmes, ou ainda a dificuldade em despedir alguém que nitidamente já havia demonstrado não contribuir significativamente para a empresa, entre outras questões. Muitos desses tópicos têm como base a insegurança, a autocrítica, a inferiorização, mas também marcas passadas a serem resolvidas, derivadas de experiências dolorosas que vão desde a violência verbal, física e até sexual. E quando não foram alvo de violência, foram alvo de assédio e de ideias preconceituosas, entre elas, a de que uma mulher bonita não é inteligente. Esses eventos que as marcaram, se manifestaram numa autoconfiança abalada. Mas, apesar de as mulheres terem tantas competências para gerirem crises em empresas e países, ainda estamos sub-representadas em posições de administração. Segundo a informação publicada pelo Eurostat5, serviço de estatística da União Europeia, em 2020, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, constatou-se que cerca de 6,7 milhões de pessoas ocupam um cargo de chefia na União Europeia, sendo que 4,3 milhões são homens, ou seja, 63% de todos os gestores, e 2,5 milhões são mulheres, ou seja, 37% desse total. E, de acordo com a ONU, apenas 20 de 193 países em todo o mundo, possuem mulheres como Chefes de Estado e de Governo. Apesar de todas as conquistas realizadas nestes últimos 100 anos, as nossas competências de liderança são os nossos atuais arcos e flechas, para que, como guerreiras, avancemos destemidas para construir e contribuir, para um futuro melhor para a humanidade.
Fontes consultadas:
https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3617953 https://doi.apa.org/fulltext/2020-47004-001.html https://www.unwomen.org/en/news/stories/2020/11/announcer-international-womens-day-2021 https://hbr.org/2020/12/research-women-are-better-leaders-during-a-crisis https://ec.europa.eu/eurostat/documents/2995521/10474926/3-06032020-AP-EN.pdf/763901be-81b7-ecd6-534e-8a2b83e82934

Artigo publicado como colunista do Jornal Bom dia Europa

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